terça-feira, 20 de setembro de 2011

ALEIJADINHO DOS ARES






A minha mais nova aventura, ALEIJADINHO DOS ARES. Muita emoção, drama, comédia, aventura, tudo que se possa imaginar em, ALEIJADINHO DOS ARES.

Tudo começou quando recebemos a ligação do Sarah confirmando minha consulta para o dia 10/09/11 as 09:00. Logo depois, voltamos a ligação para informar o número de fax para que eles remetessem o documento que comprovaria minha consulta para dar entrada ao TFD. Demos entrada com o documento, passamos por entrevista com a Assistente Social e esperamos, assim, as passagens serem emitidas. Deu tudo certo. Beleza, agora, parece que vai sair essa tão esperada possível internação na tão afamada Rede Sarah de Reabilitação.

Então, tudo isso foi confirmado. Passagens em mãos, arruma malas daqui e dalí, corre pra lá e pra cá, sobe e desce, vai pro lado e pro outro. Pronto. Tudo prontinho para o ingresso à Brasília e a tão esperada internação na Rede Sarah de Reabilitação.

Embarcamos no dia 09/08/11 e fomos pela empresa aérea Gol. Foi aí que começou minha aventura, a mais nova delas, ALEIJADINHO DOS ARES. O embarque deste vôo estava previsto para 1h da madruga, mas ele atrasou e só fomos embarcar por volta das 3h, ou seja, um atraso de aproximadamente 2h. Este atraso se deu por um nevoeiro que baixou no Rio de Janeiro fechando os aeroportos (Galeão e Santos Dumont) por mais de 2h até voltar a sua normalidade. Até aí tudo tranqüilo para quem está viajando sem preocupações de tempo reduzido e outras coisas, porém, para nossa situação tudo se torna mais difícil em relação a tudo. Quando falo tudo é tudo mesmo, tudo que você possa imaginar para uma pessoa de mobilidade reduzida, uma delas são as dores de ficar por muito tempo sentado.


Procedimento de embarque feito com sua maior naturalidade sem nenhum percalço de trabalho. Decolamos em direção a Manaus. Vôo tranqüilo sem maiores problemas. Contabilizando as horas, eu já estava com mais de 4 horas, só de aeroporto e aeronave. O que quero dizer com isso? Nós precisamos fazer cateterismo para esvaziar a bexiga, pois com a lesão as funções renais e intestinais mudaram sensivelmente e não mais temos controle sobre eles. É isso mesmo que vocês estão imaginando, se eu vacilar posso mijar e/ou me cagar todo com apenas um espirro ou até mesmo através de uma piada muito bem contada (não é pra tanto pessoal). Seria trágico se não fosse cômico não é mesmo.

Pousamos em Manaus e mais atraso. Percebi que havia algo de errado com a aeronave. Era um vai e vem de técnicos, liga e desliga botões, testa isso e aquilo, e eu, já estava ficando preocupado com todo aquele movimento que nunca na minha vida de viajante (até parece que viajei tanto assim) tinha visto em todas as viagens aéreas que tive oportunidade de realizar. Minha mãe, acho eu, nem tinha percebido algo de estranho que, já em Boa Vista, eu havia notado uma movimentação estranha na aeronave que acabei tendo a confirmação quando pousamos em Manaus. Por conta disso, mais atraso no vôo, acho que uns 30 minutos além da normalidade.

Tudo certinho e em seus devidos conformes, decolamos para Brasília. Ufa, essa maratona vai acabar numa boa. Opa!!! Ainda ta faltando a melhor parte dessa aventura. Então vamos lá. A duração do vôo entre Manaus/Brasília, se não estiver enganado é de aproximadamente 3h de duração (arredondando). Agora vamos contabilizar o tempo: 4 + 0:30 + 3 = 7:30, ou seja, esse era o tempo aproximado que eu iria passar sem fazer o cateterismo. Lembrando que faço a cada 4h o esvaziamento da bexiga. Um pequeno detalhe que não havia comentado ainda é que eu tinha feito o cat (cateterismo) 10h da noite antes de ir ao aeroporto. Essa conta ta ficando complicada né. Para descomplicar de uma vez por todas, eu já estava a mais de 7h sem esvaziar a danada da bexiga.

Faltando por volta de 1h para pousarmos em Brasília comecei a apresentar sintomas de disreflexia autonômica (era uma quentura, uma pressão na altura do pescoço, um suador sem nexo, uma agonia inexplicável). Chamei o comissário de bordo e disse a ele que precisava urgentemente esvaziar a bexiga porque eu estava passando mal. Falei também que não tinha como me locomover por ser paraplégico e perguntei se tinha algum recurso para me isolar dos outros passageiros porque teria que colocar o pinto pra fora para fazer o cat. Pense numa situação constrangedora.

Foi aí que ele teve uma brilhante idéia. Posicionou o “carrinho” de recolher lixo no corredor da aeronave e disse: “Pronto meu amigo, fique à vontade”. Como vou ficar à vontade nessa situação? É ruim eim! Mas na hora do desespero, fechamos os olhos e esquecemos o que se passa ao nosso redor e... PINTO PRA FORA.

Eu lá fazendo o cat concentradíssimo chegando ao êxtase do alívio e quando dei por mim lá estava uma criança olhando tudo aquilo. Ela não estava entendendo nada, uma mistura de olhar curioso com assustado, coitadinho. Acho que ele nunca tinha visto algo parecido. E como sou sacana dei o maior susto nele...hehehehehe. Eu virei pra ele e disse: “EI MOLEQUE, O QUE TU TÁ OLHANDO AÍ EIM RAPÁ??? PERDEU ALGUMA COISA???” O susto foi tão grande que não sabia o que fazer no momento, tadinho dele...hehehehe.

Voltando ao cat, não parava de sair urina e o saquinho de um litro só fazia encher e encher. Eu já tava ficando preocupado em extravasar urina do saquinho, já pensou na merda que ia dar? Merda não ia dar, mas iria ser mijo pra todos os lados. No final das contas acho que eu tirei uns 800ml da bexiga. Pense num alívio. A bexiga tava totalmente rígida e fiquei com um medo danado de ter dado uma complicação maior. E olha que não foi a primeira vez que minha bexiga travou dessa forma não. Isso já tinha acontecido duas vezes já.

Mas entre mortos e feridos, minha bexiga, e claro, o dono dela, todos se salvaram ilesos.

Essa foi minha primeira historinha desta tão esperada internação no tão afamado Centro de Reabilitação Sarah Kubitcheck.

Depois eu conto mais historinhas verdadeiramente verídicas que aconteceram de verdade.


Um grande abraço a todos.

2 comentários:

  1. Olá Luiz!!!!
    Nossa... qto perrengue... mas ainda bem que pra tudo na vida tem um jeito, não é mesmo... e como vc é desenrolado, tudo deu certo. To curiosa pra saber as outras aventuras dessa viagem... Bjus
    Shirley

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  2. Oii Luiz!!! Noooossa que aventura einh!! Que bom que tudo terminou bem!! =DD

    Bjss

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