quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

DE VOLTA PARA O FUTURO



No filme Marty McFly (Michael J. Fox) volta aos anos 50 na época em que seus pais se conheceram...faz tempo isso né, to ficando veínho porque esse filme é de 1985. Muito bacana o filme e eu assisti a trilogia dele e sempre me impressionava com os efeitos especiais para aquela época, se bem que nesse filme não tinha tanto efeitos especiais assim como o Star Wars né...rsrsrsrs.

Então, esse post vai falar um pouquinho da novela que foi minha primeira cadeira de rodas...



Buscando na memória, estive tentando lembrar-me de como adquiri minha primeira cadeira de rodas, ainda em São Paulo, quando fui ano passado “consertar” minha coluna que estava toda arrebentada. Não sabíamos de nada sobre o assunto e estávamos “que nem cego em tiroteio”, perdidinho mesmo, igual a “cachorro quando cai do caminhão de mudança”. Depois do veredicto do neurocirurgião que me operou (meus pais ainda tinham esperança que esse doidim sairia “andando” do centro cirúrgico...rsrsrsrs) veio então a pergunta, e agora o que vamos fazer?

Por incrível que pareça, e não tem o porquê está inventando coisas aqui...não iria ganhar nada com isso mesmo, me mantive tranqüilo, sereno e sabedor da minha nova vida a partir daquele momento, prefiro me preparar pro pior do que ter uma grande decepção por esperar sempre as melhores notícias (não confunda com pessimismo não eim, eu digo que isso é apenas “pés no chão”, a preparação do espírito para uma realidade totalmente diferente do que imaginamos ou imaginávamos naquele momento).

Primeira coisa que pensei foi na cadeira de rodas. Começamos a perguntar de todos que passavam pelo nosso quarto (quarto sim, porque eu não posso chamar aquele luxo de leito não) onde estávamos “hospedado” (isso mesmo o Hospital Beneficência Portuguesa – fiz até um post sobre o hospital – oferece um atendimento de hotelaria em uma de suas unidades – Unidade São José), eram enfermeiras, médicos, fisioterapeutas, não escapava ninguém a nossas perguntas até que uma bela fisioterapeuta num belo dia de muito frio nos indicou a CAVENAGHI.

Pedimos o auxilio da Amanda, uma fisioterapeuta linda, maravilhosa e que nos tornamos muito amigos assim como a Érica (não esqueço nunca delas) também. A Amanda pesquisou e viu que era uma empresa de confiança que valeria muito a pena fazer uma visitinha para conhecê-la melhor. Conseguimos o endereço e telefones e meu pai entrou em contato com a empresa. E ainda no Hospital antes de receber alta conhecemos o João, um tretraplégico muito gente boa e super alto astral, Veterinário, que adquiriu sua deficiência após um mergulho. Depois de seu acidente e com visão empreendedora abriu, junto com um sócio que também é tretra, uma loja virtual – Como Ir!. A idéia de abrir essa loja partiu das necessidades e falta de informações sobre tudo porque passavam naquele momento de incertezas de suas lesões e como iriam vencer as dificuldades impostas a eles (me corrijam se eu estiver enganado e sugiro também que vocês escrevam no site como foi o início dessa história).

O João foi fundamental na escolha da minha cadeira de rodas. Foi ele que nos indicou comprar uma cadeira de rodas monobloco ao invés das cadeiras que fecham em “X” por vários motivos. As cadeiras monoblocos são mais leves, de assento rígido podendo até adquirir almofadas especiais (que é meu caso), opção em encostos rígidos ou não, de fácil desmontagem e montagem, entre outras vantagens que as cadeiras que fecham em “X” não possuem. 
Foi o João também que nos orientou sobre medidas de cadeiras (as monoblocos são feitas sob medidas). O cara entendia tudo e foi muito importante na decisão que tomei. Ele praticamente deu uma aula sobre o assunto e o abestado aqui não comprou pela loja dele...fico te devendo essa meu amigo João mas fiz sua propaganda lá pelas bandas do Sarah/Brasília e você ganhou um cliente lá de Caraguatatuba-SP e ninguém conhecia ou ouviu falar na loja (pelo menos as pessoas que entrei em contato), fiz a propaganda direitinho viu...rsrsrsrs.

Fechamos então negócio no finalzinho de Agosto de 2010 com a CAVENAGHI. Comprei uma M3 da Ortobrás. A melhor cadeira monobloco de fabricação nacional do mercado. Toda regulável, em alumínio e super levíssima.

Agora é que começa a novelinha da minha cadeira que irei contar numa outra oportunidade...hehehehe.

O MISTÉRIO CONTINUA!!!


Um grande abraço a todos.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!! NORMAL????????????




Como resolvi contar o que eu estou sentido (pelo menos – mais ou menos né – hehehehe) e repassar tudo para vocês, então eu tenho que começar este post assim: estou eu deitado na cama de peito pra cima e com as pernas pro ar com meias “Kendall” (o que um aleijadinho não passa né – pelo menos lembro da minha época que jogava meu futebolzinho de meião – menos mau) e pensando como iria começar este post. Bom isso já é um começo né!

Então lá vai...



Eu me acostumei toda manhã das 7 as 9 e, as vezes até as 10 da matina a tomar banho de sol. Como voltei a ser bebezinho tive que voltar no tempo e fazer esse “sacrifício” porque no nosso caso isso faz bem a saúde (na verdade para todos, o corpo humano precisa pegar um solzinho de vez em quando), mas não no colinha da mamãe. Já pensou ela pegar um bebezinho de 1,70m com 76 kg no colinho? Tadinha da bichinha né. Ainda bem que isso ela não precisa fazer e eu faço sozinho na minha super cadeira turbinada de rodas.

Um dia bonito, manhã de sol não muito quente, temperatura agradável por volta de uns 28 graus Celsius (mais outra palavrinha descoberta “CELSIUS”...tá ficanu intiligeeeeeeenti êchi mininu né!) e lá estava eu pegando aquele solzinho. Mas como assim pegando o sol??? Eu sempre digo que ele é que nos pega, esse danado. Então, já estava por volta de uns 20 min. naquele lance de ficar ali parado “pegando” sol e foi quando bateu aquela vontade doida de “pegar a estrada”, “botar os pés na rua”, “dar um rollezinho”, como dizem por aí.
  

Nesse dia eu “levantei” (aleijado não levanta, esqueceu desse detalhe??? No máximo e  quando eu digo no máximo é no máximo mesmo, fica sentado...hehehehe) um pouquinho mais tarde e já era por volta das 09:30 h se não me falha a memória. O movimento da rua que moro (digo assim porque muitos dizem “minha rua” – a rua ou logradouro, como eles se referem, pertence a Prefeitura e não a nós ora bolas) nesse horário é bem tranqüila. Num ato de coragem ou loucura e longe das vistas de “mama cutulo” (apelido carinhoso que dei a minha mãe por causa da novela O Mapa da Mina em que dois irmãos metidos a mafiosos – Tony Esgranatto e Jhou Traguetta – a chamavam dessa forma) desci a calçada e pela rua fui até ao estacionamento do restaurante visinho e de esquina a nossa casa.

 Conseguiiiiiiiiiiiiiii, morrendo de medo mas consegui superar esse obstáculo. Na vida nós temos que superar os obstáculos para alcançarmos nossos objetivos mesmo que para você seja quase impossível, mas quando se tem força de vontade, determinação, persistência, Fé, muita Fé em Deus, tudo se torna possível até aquilo que você pensa ser impossível.


Já no estacionamento do restaurante resolvi ir até a esquina. Fiquei por ali um tempinho olhando pro lado e pro outro, tive vontade de ir até a casa do meu primo que fica na mesma quadra onde está em reforma que em muito breve estará se mudando para ela, mas mudei de idéia e continuei parado na esquina mesmo. Resolvi então atravessar a rua de casa pra visitar uma construção na outra quadra na mesma esquina e foi quando me deparei com um rapaz por volta de seus 45 anos. Eu não o conhecia, mas ele disse que sempre me via passando de moto e tals. Vou transcrever mais ou menos o papo que tivemos.

- Bom dia! (ele) Eu estava atravessando a rua e não percebi que era comigo e depois o respondi.
            - Bom dia! (eu)
            - E aí como é que vai, tomando um solzinho? (ele)
            - É, aproveitando um pouquinho o sol né. (eu)
- Pois é, sempre te via passar por aqui rapaz, você era “NORMAL”, o que foi isso, acidente de moto? (ele)
            Eu fiquei pensativo e respondi:
            - Sim foi moto. Já está com quase 1 ano que sofri o acidente. (eu)
- Mas olhe, não se preocupe que tudo vai dar certo viu. Fica com Deus. Tchau. (ele)
            - Obrigado, e o senhor vá com Ele. Tchau. (eu)

Depois dessa eu fiquei pensando, será que depois do acidente eu me transformei, virei um Extra-Terrestre? Um bicho de outro mundo? Um animal nunca catalogado? Um monstro? Um mutante com super poderes em sua super cadeira turbinada? Que eu saiba tenho tudo no lugar ainda (menos a coluna que ficou um caco, vértebra pra lá, vértebra pra cá, uma bagunça só e zilhões de parafusos para poder firmar-la), mas de resto ta tudo no lugar, estou “NORMAL” e melhor ainda, sou “NORMAL”.


Eu posso até entender o que ele quis dizer com o “NORMAL” que ele soltou (talvez uma colocação erronea) e não culpo as pessoas por serem ignorantes e não entenderem e conhecerem a realidade de um cadeirante. Nós mesmos que adquirimos essa deficiência não poderíamos imaginar o quanto um cadeirante pode viver uma vida normal. Ainda estou me readaptando e reabilitando, fazendo fisioterapia sempre.

Mas foi muito hilário. Ri muito depois e disse pra mim mesmo... “Essa daí vai pro blog”.


Um grande abraço a todos.


sábado, 19 de fevereiro de 2011

OUTRO DIA DESSES

Pela estrada a fora eu vou bem...acompanhado, aleijado tem que andar acompanhado para se garantir senão já viu...


Voltando a me socializar nesse mundo dos andantes, meu irmão, minha cunhada e eu saímos para dar uma volta na city para arejar e ver gente e outras coisas mais...ah comer também...hehehehe. Como estou de dieta e estou seguindo minha Reeducação Alimentar resolvi comer apenas umas besteirinhas para não fazer desfeita aos dois né!!! Fomos jantar sushi.


Chegando lá fomos procurar estacionamento, o restaurante não tem um estacionamento próprio e a sorte é que na avenida onde se encontra o “restaura” é bem larga e permite que tenha estacionamento em diagonal que fica no canteiro central. Pequeno detalhe que faz a diferença né, esse lance de não existir estacionamento voltado a pessoas com necessidades especiais ou com mobilidade reduzida (chiq no úrtimo né), trocando em miúdos, pra aleijado mesmo, é sempre uma M.... Bom, carro estacionado, abro a porta do meu lado para evitar que algum outro carro estacione bem próximo ao nosso e que venha atrapalhar a minha saída do carro e foi quando quase que o aleijado fica amputado também. Um deputadinho entra com tudo na vaga ao nosso lado, e isso porque meu irmão já estava atrás do carro tirando a cadeira do porta-malas e tinha zilhões de outras vagas para estacionar seu carro importado...SEM MAIS COMENTÁRIOS SOBRE ESSE DEPUTADINHO.


Pelo horário o movimento da avenida não era grande e atravessamos tranquilamente até o “restaura”. Antes de atravessarmos já havia procurado alguma rampa de acesso para minha super cadeira turbinada e seu dono poderem adentrar ao estabelecimento (hummmmmmmmm descobriu uma palavra nova foi?!?!?!?!?!). Avistei o previsível (nooooooossa esse Luiz ta muito chique..“AVISTEI O PREVISÍVEL”), não existia uma rampinha pra contar a história. Mas o aleijadinho não se abateu, com a ajuda de seu super “INTEIRO” irmão e com o auxilio de uma flanelinha muito prestativa, minha cunhadinha (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...não me interprete mau eim cunhada, isso é apenas uma brincadeirinha viu! hehehehe) conseguimos superar o primeiro obstáculo.

A guia ou meio fio (como acharem melhor) era bem alta, mas conseguimos subir à calçada. Você pensa que terminou aí? Nananinanão! Nós não subimos a calçada do “restaura” e agora faltava transpor ela. Aqui em Boa Vista é F... As calçadas são todas irregulares, esburacadas, com desníveis, isso sem contar com as guias que são altíssimas em certos pontos da cidade. Eu já havia tido problemas com isso no post 10 A FIO, e acabei não comentando o momento que fomos a uma pizzaria, mas não fica difere muito dos problemas que estou listando neste post não.

Para chegar ao “restaura” só faltava a sua calçada e aí vamos nós. Bummmm. Já na calçada do “restaura” fomos escolher a mesa para nos acomodarmos. Vocês já imaginam o que aconteceu né? Pois é, mais um restaurante que o aleijadinho não entra embaixo da mesa. Aleijadinho sofre com essas coisas que acabo traduzindo como CONSTRANGIMENTO. Você tem o costume de fazer suas refeições a, mais ou menos, 1 metro de distância da mesa? Acho que não né?!??!?! Pois eu já estou me adaptando a essas situações, INFELISMENTE.

“LUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIZZZZZZ, VEM CÁ MEU FILHO.”

Minha mãe me chamando (pelo apelido carinhoso que, obviamente, não colocarei aqui né...rsrsrsrs), mais tarde eu volto pra continuar essa historinha.


Um grande abraço a todos


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

LAMBRETA ARRETADA ESSA DAÍ OH!!!!!

To querendo uma dessas...alguém se disponibiliza a me a judar a compra-la???? É só uns US$ 40.000,oo por baixo...uma bagatela pra nós que vivemos no "submundo", quero dizer, num país em desenvolvimento e que mais cresce economicamente...mas com um "dígno" salário mínimo que o povo recebe...AH, dá até pra compra uns 10m de fiação da parte elétrica dessa lambreta né?!?!?!?!!?!



Ajudem um pobre aleijadinho a realizar seu sonho gente, ajuda aí vai...rsrsrs


Um grande abraço a todos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

EM BUSCA DA ...



Ao acordar hoje refleti muito no que minha psicóloga havia me falado no último atendimento que tivemos (éééééé...o aleijadinho está sendo acompanhado por uma psicóloga...mas não sou tão doidim assim não viu...só um pouquinho...hehehehe). Conversamos muito a respeito do que eu estava sentindo, as minhas dificuldades diárias de um cadeirante, sobre minha dependência, meus planos de vida, projetos (inclusive para o blog), em fim, conversamos muito sobre isso e outros assuntos também.

Mas o que mais me chamou a atenção foi em relação a não ficar acomodado e a esperar pelos outros e que tudo caia do céu. Ela me fez abrir a "caixola" para o lance de, eu mesmo, “correr” atrás dos meus projetos e não ficar esperando a boa vontade e ajuda dos outros. Não que não precisemos de ajuda do próximo, nós vivemos em uma sociedade em que todos, de alguma forma, precisam um do outro e isso é natural. Vejamos um exemplo hipotético: eu sou ADMINISTRADOR (aleijado sim, mas ainda não perdi minhas habilidades profissionais) e estou sentindo palpitações no peito e vou me consultar com um CARDIOLOGISTA na sua clínica médica. Lá na sua clínica descubro que ele está precisando de um profissional que administre seu estabelecimento e acabo sendo atendido de “graça” (PLANO DE SAÚDE...brincadeirinha...hehehehe)...Resumindo, cada um na sua especialidade, naturalmente, um precisa do outro e isso é normal.


Percebi então que eu tenho que deixar de lado algumas paranóias da minha cabeça do tipo...parar de pensar que eu estou sempre atrapalhando as pessoas quando peço algo, ou que essas pessoas fazem essa “caridade” por pena, ou que me ajudam por obrigação por serem meus amigos ou da família. É muito difícil pra mim porque acabo me pondo no lugar delas e sei o quanto é difícil carregar pra cima e pra baixo uma “mala sem alça e sem rodinha besuntada com vaselina” imaginem só, vocês já tiveram essa “grata” oportunidade de fazer isso? Deve ser bem complicado né?


Então, seguindo a linha de raciocínio, tenho vários objetivos na minha vida e o que eu acho mais importante (vamos dizer assim) no momento é buscar a FELICIDADE, isso mesmo, é ser FELIZ. Faça sol ou faça chuva eu vou correr atrás desse objetivo e estou correndo. Acredito muito que vou ser feliz e vou fazer essa pessoa muito feliz também. Como já falei pra ela, NÃO VOU DESISTIR DE VOCÊ.


Tem dias que estamos desanimados e com vontade de sumir de todos e de tudo e isso qualquer pessoa passa por momentos parecidos em suas vidas, agora imagine as pessoas que sofrem um grande trauma como um acidente que te deixa paraplégico, como foi o meu caso (CULPA MINHA POR SINAL), mudando todo o rumo de sua vida, imagine a cabeça dessa pessoa como não fica, né verdade? Eu não me culpo por ter acontecido isso na minha vida porque tenho certeza que um dia isso iria acontecer mesmo, isso se chama DESTINO. Mas o último atendimento psicológico foi muito esclarecedor pra mim e eu vou PERSISTIR e vou também tentar colocar alguns projetos em prática.

Algumas frases marcantes de grandes personalidades:

“Ele (Deus) é o dono de tudo. Devo a Ele a oportunidade que tive de chegar onde cheguei. Muitas pessoas têm essa capacidade, mas não têm a oportunidade. Ele a deu prá mim, não sei porque. Só sei que não posso desperdiçá-la.” AYRTON SENNA

“Quando você não está feliz, é preciso ser forte para mudar, resistir à tentação do retorno. O fraco não vai a lugar algum.” AYRTON SENNA

“Não devemos chorar pelo que nos foi tirado, e sim aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai.” BOB MARLEY

“Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que mais se ama.” BOB MARLEY

“O amor nunca faz reclamações; dá sempre. O amor tolera; jamais se irrita e nunca exerce vingança.” MAHATMA GANDHI

“Seja a mudança que você está tentando criar.” MAHATMA GANDHI



EU VOU PERSISTIR E NÃO VOU DESISTIR.


Um grande abraço a todos.