segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!! NORMAL????????????




Como resolvi contar o que eu estou sentido (pelo menos – mais ou menos né – hehehehe) e repassar tudo para vocês, então eu tenho que começar este post assim: estou eu deitado na cama de peito pra cima e com as pernas pro ar com meias “Kendall” (o que um aleijadinho não passa né – pelo menos lembro da minha época que jogava meu futebolzinho de meião – menos mau) e pensando como iria começar este post. Bom isso já é um começo né!

Então lá vai...



Eu me acostumei toda manhã das 7 as 9 e, as vezes até as 10 da matina a tomar banho de sol. Como voltei a ser bebezinho tive que voltar no tempo e fazer esse “sacrifício” porque no nosso caso isso faz bem a saúde (na verdade para todos, o corpo humano precisa pegar um solzinho de vez em quando), mas não no colinha da mamãe. Já pensou ela pegar um bebezinho de 1,70m com 76 kg no colinho? Tadinha da bichinha né. Ainda bem que isso ela não precisa fazer e eu faço sozinho na minha super cadeira turbinada de rodas.

Um dia bonito, manhã de sol não muito quente, temperatura agradável por volta de uns 28 graus Celsius (mais outra palavrinha descoberta “CELSIUS”...tá ficanu intiligeeeeeeenti êchi mininu né!) e lá estava eu pegando aquele solzinho. Mas como assim pegando o sol??? Eu sempre digo que ele é que nos pega, esse danado. Então, já estava por volta de uns 20 min. naquele lance de ficar ali parado “pegando” sol e foi quando bateu aquela vontade doida de “pegar a estrada”, “botar os pés na rua”, “dar um rollezinho”, como dizem por aí.
  

Nesse dia eu “levantei” (aleijado não levanta, esqueceu desse detalhe??? No máximo e  quando eu digo no máximo é no máximo mesmo, fica sentado...hehehehe) um pouquinho mais tarde e já era por volta das 09:30 h se não me falha a memória. O movimento da rua que moro (digo assim porque muitos dizem “minha rua” – a rua ou logradouro, como eles se referem, pertence a Prefeitura e não a nós ora bolas) nesse horário é bem tranqüila. Num ato de coragem ou loucura e longe das vistas de “mama cutulo” (apelido carinhoso que dei a minha mãe por causa da novela O Mapa da Mina em que dois irmãos metidos a mafiosos – Tony Esgranatto e Jhou Traguetta – a chamavam dessa forma) desci a calçada e pela rua fui até ao estacionamento do restaurante visinho e de esquina a nossa casa.

 Conseguiiiiiiiiiiiiiii, morrendo de medo mas consegui superar esse obstáculo. Na vida nós temos que superar os obstáculos para alcançarmos nossos objetivos mesmo que para você seja quase impossível, mas quando se tem força de vontade, determinação, persistência, Fé, muita Fé em Deus, tudo se torna possível até aquilo que você pensa ser impossível.


Já no estacionamento do restaurante resolvi ir até a esquina. Fiquei por ali um tempinho olhando pro lado e pro outro, tive vontade de ir até a casa do meu primo que fica na mesma quadra onde está em reforma que em muito breve estará se mudando para ela, mas mudei de idéia e continuei parado na esquina mesmo. Resolvi então atravessar a rua de casa pra visitar uma construção na outra quadra na mesma esquina e foi quando me deparei com um rapaz por volta de seus 45 anos. Eu não o conhecia, mas ele disse que sempre me via passando de moto e tals. Vou transcrever mais ou menos o papo que tivemos.

- Bom dia! (ele) Eu estava atravessando a rua e não percebi que era comigo e depois o respondi.
            - Bom dia! (eu)
            - E aí como é que vai, tomando um solzinho? (ele)
            - É, aproveitando um pouquinho o sol né. (eu)
- Pois é, sempre te via passar por aqui rapaz, você era “NORMAL”, o que foi isso, acidente de moto? (ele)
            Eu fiquei pensativo e respondi:
            - Sim foi moto. Já está com quase 1 ano que sofri o acidente. (eu)
- Mas olhe, não se preocupe que tudo vai dar certo viu. Fica com Deus. Tchau. (ele)
            - Obrigado, e o senhor vá com Ele. Tchau. (eu)

Depois dessa eu fiquei pensando, será que depois do acidente eu me transformei, virei um Extra-Terrestre? Um bicho de outro mundo? Um animal nunca catalogado? Um monstro? Um mutante com super poderes em sua super cadeira turbinada? Que eu saiba tenho tudo no lugar ainda (menos a coluna que ficou um caco, vértebra pra lá, vértebra pra cá, uma bagunça só e zilhões de parafusos para poder firmar-la), mas de resto ta tudo no lugar, estou “NORMAL” e melhor ainda, sou “NORMAL”.


Eu posso até entender o que ele quis dizer com o “NORMAL” que ele soltou (talvez uma colocação erronea) e não culpo as pessoas por serem ignorantes e não entenderem e conhecerem a realidade de um cadeirante. Nós mesmos que adquirimos essa deficiência não poderíamos imaginar o quanto um cadeirante pode viver uma vida normal. Ainda estou me readaptando e reabilitando, fazendo fisioterapia sempre.

Mas foi muito hilário. Ri muito depois e disse pra mim mesmo... “Essa daí vai pro blog”.


Um grande abraço a todos.


4 comentários:

  1. hehehee......oi NORMAL

    Boa a história viu? As pessoas tem dificuldades com conceitos, então dê um desconto hehehehe
    Gostei do papo; acrescentou muito hahahahaha
    É amigo, isso vai acontecer muito quando vc se encher de coragem e sair mais vezes. Quando estava de muletas não faltou quem me parasse para especular o motivo das muletas ou morrer de pena da lesadinha hahahahaha...aff que isso às vezes me irritava ou tinha vezes que ia rindo da situação. Td dependia da abordagem ou do meu estado de espírito hehehehe
    Firme aí menino que a ordem e saber viver e isso depende de como vc aprende.

    Beijos em seu lindo coração.

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  2. Olá Luiz!!!
    Aos poucos vc vai se readaptar, vai sair cada vez mais... é só não ligar muito para o que as pessoas vão falar, tem gente que não tem muita sensibilidade! Leve tudo com bom humor! E parabéns, to super feliz que está se superando a cada dia. Bjus

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  3. Oi hiper, mega Luiz!!!

    É meu caro, acho que vimos de outro planeta, penso que são as pessoas que nós olham como seres estranhos, só porque estamos numa cadeira de rodas... Mais sabe de uma coisa: não fique pensando nas outras pessoas, pense em vc, que está à cada dia conseguindo ultrapassar os obstáculos como esse que você realatou!!! Parabéns pela coragem, pois não é para qualquer um, alguns cadeirantes ainda relutam em sair sozinhos, por medo ou insegurança, mais temos que ter força de vontade e tirar a coragem dentro de nós, que conseguimos tudo!!! Bjinhos!!! =]

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  4. Luiz, sabe que ás vezes eu me arrisco também a sair pelo meu bairro sozinha sobre rodas, e isso pra mim é libertador. Não tenho muita firmeza no pescoço por isso quando resolvo fazer esse tipo de estripulia tenho que ir com bastante cautela. E quanto aos olhares te digo, sou igual a Luca naquela música - to nem aí, to nem aí. E quando alguém me faz alguma pergunta ou afirmação desnecessária tento responder de uma forma mais natural possível. Adorei sua aventura, me identifiquei muito com ela rsrsrsrs.

    Bjos da amiga L@ine.

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